terça-feira, 18 de setembro de 2012

Desafios da educação brasileira

Comparar o processo educativo de dois países é algo muito complexo, pois envolve não somente o ato educativo como algo isolado, mas também, como fator crucial, a organização política, econômica e social desses países. No caso, a comparação neste texto é feita entre Brasil e Portugal.

Analisando todo o contexto de situação que envolve as duas nações, ter-se-á, por um lado, o Brasil, país em momento de desenvolvimento econômico, com positivos resultados no produto interno bruto, mas que ainda é palco de contrastante realidade social, em que os menos favorecidos economicamente são providos daquilo que os mantém vivos, e os mais favorecidos são grandes esbanjadores nos meios públicos e privados.

Por outro lado, ter-se-á Portugal, nação que já esteve no auge da economia e que agora vivencia um novo cenário político, muito diferente daquilo que vivenciava antes. Por mais que esteja com considerável crise financeira, o país nunca deixou de investir em educação pública de qualidade, o que atrai pessoas dos mais diferenciados níveis econômicos.

É interessante destacar que, se for mantida uma linha de pensamento que seja gradativa, isto é, que analise a educação de determinado lugar durante a educação básica, ver-se-á que cada ciclo da educação é o reflexo do ciclo anterior. Ou seja, os resultados do ensino fundamental são reflexos dos resultados do ensino infantil; os do ensino médio são do ensino fundamental e os do ensino superior são do ensino médio.

Feita esta análise, tem-se em jogo o preparo dos alunos do ensino básico brasileiro que vão a outros países, por exemplo, na tentativa de obter um ensino superior de qualidade e, muitas vezes, sentem-se frustrados pelo grande abismo que há entre os conteúdos dos dois lugares. O mesmo pode ser dito de alguém que inicia seus estudos superiores no Brasil e o prossegue em outro país bem-estabelecido no âmbito da educação.

De modo sumário, o aluno brasileiro ainda não está preparado, no âmbito técnico, a ir para uma universidade estrangeira, sem que lhe falte conhecimento prévio. Estas conclusões não são somente deste que aqui se põe, mas também de companheiros que estejam na mesma situação. A diferença do nível técnico entre os alunos brasileiro e, especificamente, os alunos portugueses, é gritante. O número é mais lamentável no que tange à grande área das ciências exatas.

Tendo em vista que a reflexão deste texto é feita sob a ótica de um aluno em mobilidade acadêmica, os problemas que o ensino superior brasileiro enfrenta é fruto de um descaso governamental para com a educação brasileira, que vem sendo mantido há décadas. Desta forma, o aluno que pensa sair apto do ensino médio, almejando ter uma boa formação superior, nunca a terá, pois, tecnicamente, está fraco.

Outro problema que assola especialmente os alunos das licenciaturas brasileiras, já mais em um âmbito cultural do que governamental, é o descaso que fazem com o professor e sua formação, de modo geral. Claramente, o programa que permite que tudo neste texto seja dito é do governo, como há outros, mas o que se quer dizer, na verdade, é o quanto se demorou para fazerem coisas deste tipo.

A formação do professor é obrigatoriamente composta por metade das disciplinas de cunho teórico e metade das disciplinas de cunho pedagógico, num período de quatro ou cinco anos. Esta é a licenciatura brasileira. Entretanto, em Portugal (e em todos os países membros do Processo de Bolonha) há um momento chamado de licenciatura, em que os estudantes cursam disciplinas teóricas e, somente depois, no mestrado, cursam disciplinas voltadas ao ensino. Isto, de fato, auxilia no melhor preparo do professorado que na Europa se forma.

Na Europa, a preocupação com a educação, de modo geral, aparenta ser maior do que no Brasil. Isto também se estende ao ensino universitário, visto que o número de universidades privadas existentes é muito inferior às universidades privadas brasileiras. Assim, os estudantes podem usufruir de um ensino de qualidade, com direito a muitas bolsas de estudo, sem terem de se preocupar com grandes lacunas na formação profissional.

Enfim, o Brasil tem de caminhar muito ainda para que possa se estabelecer no âmbito educacional (e não só neste), isto é, há de haver uma maior preocupação com o sistema educacional público, e isto começa com o melhor preparo de novos profissionais e, aos poucos, o cenário da educação básica se transforma também. Se mudanças não forem feitas, o país tende a cair, cada vez mais, na formação dos seus cidadãos. A educação pública é a única que pode salvar a massa das pessoas da miséria cultural a que estão submetidos. A educação pública deve ser para todos, em ambos os níveis de apresentação: básica ou superior.

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